Enem de Abril pode ser cancelado

O
ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (19)
que a decisão da Justiça do Ceará de permitir acesso aos estudantes às
provas de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) torna difícil
viabilizar edição do Enem em abril, conforme previsto anteriormente. A
cinco dias de deixar o Ministério da Educação para se dedicar à disputa
pela prefeitura de São Paulo nas eleições de outubro, ele disse que a
pasta poderá abrir mão de realizar duas edições do Enem em 2012.
Segundo o ministro, o governo "não pode lançar a ideia" sem ter
condições de "atender". "O coroamento do Enem passa por duas edições por
ano, mas não podemos colocar a máquina em fadiga, sobretudo com essas
novas exigências que estão sendo feitas pelo Ministério Público”,
afirmou em entrevista após participação no programa de rádio "Bom Dia,
Ministro", produzido pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
Procurado pelo G1, a assessoria do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pela prova do Enem, disse que
apenas o MEC está tratando publicamento do assunto.
Em maio do ano passado, o MEC publicou no "Diário Oficial da União" uma
portaria que oficializou a realização de pelo menos duas edições do Enem
por ano e confirmou as datas das provas do primeiro semestre de 2012
para 28 e 29 de abril.
Segundo Haddad, uma empresa de gestão de risco contratada pelo
ministério vai avaliar se, diante das novas exigências da Justiça, a
pasta terá condições de manter as datas previstas para o exame neste
ano.
“Tem uma empresa de gestão de risco justamente para verificar se há
condições de atender a demanda que está sendo feita pelo Ministério
Público ou se ainda teremos que manter uma edição por ano”, afirmou
Haddad. Indagado se poderá não haver exame do Enem em abril, como
previsto anteriormente pelo MEC, o ministro afirmou: "Sim [pode não
haver]. Eu já disse que é uma decisão técnica."
Na última terça-feira (17), a Justiça Federal no Ceará concedeu o
direito aos 4 milhões de candidatos de todo o Brasil que fizeram a prova
do Enem a terem acesso às cópias das provas de redação, e respectivos
espelhos de correção.O Ministério da Educação já anunciou que vai
recorrer da decisão por não ter condições técnicas de viabilizar a
entrega das redações a todos os estudantes.
MEC vai recorrer nesta quarta contra decisão sobre redação do EnemMEC
diz que não tem como dar acesso às redações do Enem 2011PF indicia 2
funcionários de colégio por vazamento de questões do EnemO ministro
criticou a decisão da Justiça do Ceará de conceder acesso às provas do
Enem e classificou a atuação do Ministério Público, autor da ação, de
"ideológica". "Vestibulares com 30, 40 anos de existência não tem nenhum
pleito do Ministério Público. Dá quase impressão de que é uma questão
ideológica por trás disso”, afirmou.
O ministro reafirmou também que o Inep não tem condições de viabilizar a entrega das provas a todos os estudantes.
“Nós fizemos um acordo com o Ministério Público que foi homologado por
um juiz de Brasília. Eu penso que o juiz de Fortaleza desconsiderou a
decisão já tomada pelo seu colega aqui em Brasília, e tomada há muitos
meses. Então, o Inep não se preparou tecnologicamente para oferecer
vista para 4 milhões de pessoas que possam requerer", disse.
"Eu até estranho porque isso foi feito agora e não no momento do edital.
No edital já estava previsto isso. Tem hora para fazer. A hora para
fazer é quando se lança o edital”, completou.
Mais cedo, durante entrevista ao programa de rádio "Bom Dia, Ministro",
Haddad, que concorrerá neste ano à prefeitura de São Paulo pelo PT,
condenou a ação de um professor do Colégio Christus, em Fortaleza, que
teria revelado a alunos conteúdo da prova realizada no ano passado. "É
lamentavel a postura de um professor, que exerce a função de coordenador
para alunos que não precisa de muleta, que não precisam dessa ajuda
criminosa", disse.
Haddad queixou-se do foco da repercussão do vazamento. Disse achar
"natural" o papel da imprensa em noticiar a revelação irregular do
conteúdo do exame, mas também defende a condenação dos envolvidos no que
ele classificou como "estelionato". "Em qualquer outro lugar do mundo
as atenções estariam voltadas exatamente para o comportamento do
criminoso", disse o ministro.
Ele também voltou a defender a aplicação do exame e sua eficiência. "O
Enem era uma prova de autoavaliação e se tornou um prova respeitada do
ponto de vista pedagógico."
O governo anunciou na última quarta-feira (18) que o ministro Fernando
Haddad será substituído por Aloizio Mercadante na pasta da Educação.
Haddad deixa o governo para disputar, pelo PT, o cargo de prefeito de
São Paulo na eleição municipal deste ano.
Para o lugar de Mercadante, atual ministro de Ciência e Tecnologia, vai o
atual presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antonio Raupp,
segundo nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social.
G1
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