Ministério da Educação cancela edição de abril do Exame Nacional do Ensino Médio

O
Ministério da Educação decidiu, na tarde desta sexta-feira (20),
cancelar a edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que seria
realizada em abril deste ano. Uma portaria de 18 de maio de 2011 havia
anunciado que, a partir de 2012, o Enem seria realizado duas vezes por
ano. A mesma portaria havia fixado a data da primeira edição do exame
para os dias 28 e 29 de abril, e afirmado que a data da segunda edição
só seria divulgada posteriormente.
Em nota, o ministério agora afirma que, neste ano, a única edição do
Enem acontecerá nos dias 3 e 4 de novembro. As duas edições seriam
independentes uma da outra. "Por solicitação do Ministério da Educação, a
empresa Modulo Security, de gestão de risco, concluiu, depois de ouvir
todas as entidades que participam da organização do Enem, que a
realização de duas edições em 2012, sobrecarregaria as estruturas
logísticas do exame", diz o comunicado.
De acordo com um assessor especial do ministério, a reunião que decidiu
cancelar o Enem do primeiro semestre de 2012 aconteceu na tarde desta
sexta-feira e teve a participação do secretário-executivo do MEC, Jose
Henrique Paim Fernandes, da direção do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (Inep) e de representantes da empresa Modulo
Security, especializada em gestão de risco e que participou da aplicação
do Enem 2011, realizado nos dias 22 e 23 de outubro do ano passado.
Ainda segundo o assessor, o ministro Fernando Haddad não compareceu ao
encontro e viajou para São Paulo. Na quinta-feira (19), Haddad já havia
considerado a possibilidade de que a edição de abril do exame fosse
cancelada. "Sim [pode não haver]. Eu já disse que é uma decisão
técnica", afirmou ele, após ser indagado se poderia não haver exame do
Enem em abril.
Segundo ele, o governo "não pode lançar a ideia" sem ter condições de
"atender". "O coroamento do Enem passa por duas edições por ano, mas não
podemos colocar a máquina em fadiga, sobretudo com essas novas
exigências que estão sendo feitas pelo Ministério Público”, afirmou em
entrevista após participação no programa de rádio "Bom Dia, Ministro",
produzido pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), na manhã da
quinta-feira.
Haddad afirmou que a empresa de gestão de risco contratada pelo
ministério avaliaria se, diante das novas exigências da Justiça, a pasta
terá condições de manter as datas previstas para o exame neste ano.
Disputa judicial
Na última terça-feira (17), a Justiça Federal no Ceará concedeu o
direito aos 4 milhões de candidatos de todo o Brasil que fizeram a prova
do Enem 2011 a terem acesso às cópias das provas de redação, e
respectivos espelhos de correção. Na quinta-feira (19), o MEC divulgou
que o juiz federal da 22ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Rafael de
Souza Pereira Pinto, indeferiu um pedido liminar da ação civil pública
de vistas à prova de redação, proposta pela Defensoria Pública da União.
Com isso, há duas decisões válidas. Segundo o MEC, nesta sexta-feira
(20), o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), no Recife, deve
definir qual decisão será válida, ao responder um recurso protocolado
pela Advocacia-Geral da União (AGU), que alegou que o governo não tem
condições técnicas de viabilizar a entrega das redações a todos os
estudantes. Até a publicação desta reportagem, a decisão do TRF ainda
não havia sido divulgada.
“Tem uma empresa de gestão de risco justamente para verificar se há
condições de atender a demanda que está sendo feita pelo Ministério
Público ou se ainda teremos que manter uma edição por ano”, afirmou
Haddad.
O ministro criticou a decisão da Justiça do Ceará e classificou a
atuação do Ministério Público, autor da ação, de "ideológica".
"Vestibulares com 30, 40 anos de existência não têm nenhum pleito do
Ministério Público. Dá quase impressão de que há uma questão ideológica
por trás disso”, afirmou.
O ministro reafirmou também que o Inep não tem condições "tecnológicas"
de viabilizar a entrega das provas a todos os estudantes.
“Nós fizemos um acordo com o Ministério Público que foi homologado por
um juiz de Brasília. Eu penso que o juiz de Fortaleza desconsiderou a
decisão já tomada pelo seu colega aqui em Brasília, e tomada há muitos
meses. Então, o Inep não se preparou tecnologicamente para oferecer
vista para 4 milhões de pessoas que possam requerer", disse.
G1
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